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www.doglink.pt
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Insuportável ou apenas ameno e até agradável, o calor chegou e parece que veio para ficar! Nesta altura do ano temos que ter em mente o quão importante é manter os nossos cães frescos, mas o que a maioria das pessoas não sabe é qual é a melhor maneira de o fazer.
Muitas vezes assume-se que os cães são como as pessoas e, como tal, precisam dos mesmos cuidados que estas, o que está parcialmente correcto. Um ambiente fresco é importante e também muita água à disposição mas os cães têm um mecanismo de arrefecimento diferente do nosso e, em determinadas circunstâncias, podem não conseguir lidar com o calor como nós conseguimos.
O golpe de calor é a condição mais catastrófica mas também a mais facilmente evitável. Como os cães não falam, aqui ficam alguma informação para que entenda melhor o seu cão e o possa ajudar a enfrentar o calor.
Arrefecimento canino: arfar e transpirar
Nos humanos, as glândulas sudoríparas estão distribuídas por toda a nossa superfície corporal. Quando a nossa temperatura interna aumenta liberta-se suor que posteriormente se evapora provocando o arrefecimento corporal (perda de calor por evaporação). Já a pele dos cães é diferente e é por isso que nunca viu um cão a suar dos sovacos! A maioria das glândulas sudoríparas presentes nos cães está localizada nas almofadas das patas. É por isso que quando o seu cão está com muito calor, este deixa para trás pegadas suadas à medida que se desloca.
Ao invés de dependerem da transpiração cutânea, o principal mecanismo que os cães usam para regularem a sua temperatura corporal é ofegando, ou como se diz popularmente “arfando com a boca bem aberta”.
Focinho curto vs focinho comprido
No que toca à resistência ao calor, os cães com focinho curto ou braquicefálicos estão em desvantagem relativamente aos cães de focinho comprido. Mas porquê?
Os vasos sanguíneos no focinho dissipam o calor e, neste caso, o tamanho importa. Por exemplo: um aquecedor com uma resistência maior liberta mais calor do que um que tenha uma resistência menor. O mesmo acontece quando os cães tentam dissipar o calor!
Com o aumento da temperatura corporal, o cão aumenta o seu ritmo respiratório de modo a conseguir dissipar mais calor. O ar inspirado fica saturado com vapor de água à medida que passa pelos seios nasais. Os vasos sanguíneos presentes nas vias nasais cedem calor para que a vaporização ocorra. Deste modo, o calor é dissipado e ocorre o arrefecimento dentro da região nasal e a diminuição da temperatura corporal.
Quando as trocas de calor são menores, como acontece nos cães de focinho curto, mais rapidamente os animais ficam sobreaquecidos, ou seja, entram em hipertermia.
Pelagem: aliada ou inimiga?
Pode pensar que uma das razões pelas quais o seu cão não lida bem com o calor é porque está coberto de pêlos. Bem, acima de tudo, a pelagem do seu cão serve como uma barreira protectora quer do frio quer do calor, por isso nem pense em rapar o pêlo do seu cão para o manter mais fresco. Se o fizer, este poderá ainda apanhar umescaldão!
Ainda assim, a verdade é que os cães com uma pelagem muito densa e de clima frio, como o Husky Siberiano ou Alaskan Malamute, têm mais tendência a atingir o estado de hipertermia. Se estiverem expostos a um ambiente continuamente quente, mais calor ficará retido na barreira que os protege e mais calor terão que dissipar, mesmo se ficarem pouco tempo ao sol.
Cenários do golpe de calor
Como explicado anteriormente, o principal mecanismo de dissipação de calor dos cães é feito pela inalação de ar fresco e posterior aquecimento do mesmo através da temperatura corporal. Se o ar já está quente então não é possível fazer a transferência de calor, e pode ocorrer o golpe de calor, que é fatal!
Dias com temperaturas acima dos 30º aumentam o risco de golpe de calor e dias com 36º ou mais fazem com que seja muito mais difícil o seu cão arrefecer. Quando um cão sobreaquece, as proteínas das células quebram fazendo com que o cão seja “cozinhado” internamente.
Carros – A maioria das pessoas deixa tigelas com água e as janelas do carro um pouco abertas mas mesmo assim pode não evitar a ocorrência de um golpe de calor.
Exercício físico – Os cães adoram satisfazer os seus donos, e às vezes brincam até ao seu corpo não aguentar mais. Em dias muito quentes, a respiração ofegante do cão poderá não ser suficiente para baixar a sua temperatura corporal devido ao calor e exercício físico.
Superfícies de betão ou asfalto – O betão e asfalto muitas vezes presentes em canis aquecem rapidamente atingindo temperaturas extremas.
Sem sombra nem água fresca – Este cenário é óbvio, mas ainda assim acontece. Os cães deixados ao sol sem qualquer supervisão, sem sombra nem água fresca rapidamente entram em colapso ou coma.
O que fazer
Se notar que o seu cão está a sofrer de golpe de calor deve imediatamente tentar baixar-lhe a sua temperatura corporal. Leve-o para um sítio fresco, à sombra, ventilado e molhe-o com água fria (não utilize água gelada para evitar choques térmicos).
Após efectuar estes procedimentos, leve o seu cão ao veterinário – isto aumentará as suas probabilidades de sobrevivência. Não vá a correr para o veterinário sem antes lhe prestar auxílio básico nem espere que os sintomas passem sem fazer nada.
Artigo revisto por: Dr.ª Elisabete Capitão